Como Irene Lisboa retratou gentes e paisagens da grande Serra

05-JUN-2021

Como Irene Lisboa retratou gentes e paisagens da grande Serra

 Inspirada na temática da água e na obra de Irene Lisboa, vai decorrer um passeio interpretativo promovido pelo Município de Gouveia, no dia 5 de junho, pelas 09h00, na freguesia de Aldeias, no âmbito do Projeto “Abeirar” em parceira com o Notícias de Gouveia e a Liga Humanitária Social e Cultural de Aldeias.

A iniciativa abre portas à retoma de atividades ao ar livre e às sessões presenciais da Comunidade de Leitores de Gouveia. Os participantes podem inscrever-se na Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, de forma presencial ou através do correio eletrónico: bibliotecamunicipal@cm-gouveia.pt e no posto de turismo de Gouveia até ao dia 30 de maio.

Em fase de desconfinamento progressivo, nada melhor do que uma caminhada organizada e devidamente documentada com a presença de Emanuel de Castro e Hugo Gomes da Estrela Geopark Mundial da UNESCO; Luís Vieira da Universidade do Porto e Jorge Costa Lopes do ILCML também da Universidade do Porto.

Os participantes terão a oportunidade de descobrir, num percurso inspirador, a importância da água como elemento vital, assim como conhecer os lugares que a escritora Irene Lisboa imortalizou na obra “Crónicas da Serra”.

De referir que a iniciativa, organizada localmente pelo Município de Gouveia, conta ainda com as parcerias da Rede Intermunicipal das Bibliotecas das Beiras e Serra da Estrela, da Plataforma de Ciência Aberta associada ao Município de Figueira de Castelo Rodrigo, do Estrela Geopark Mundial da UNESCO e da Universidade da Beira Interior.

 
Antes de escrever sobre a serra, Irene Lisboa foi escutá-la. Como uma antropóloga em trabalho de campo, entrou no mundo das aldeias de granito, conviveu com as suas gentes, observou-lhes "as pequenas vidas" marcadas pela escassez, seguiu o rasto a uma ruralidade moldada no rigor das estações. Incluiu-se na paisagem da Estrela e foi acolhida na intimidade do "gentio serrano", assim o trata no volume de crónicas publicado em 1960, dois anos após a sua morte. Conhecer os lugares por onde andou é o início de uma caminhada para encontrar a escritora de prosa e poesia, também ela nascida numa aldeia perto de Arruda dos Vinhos.

Os lugares não estarão exatamente como Irene Lisboa os descobriu no século passado e os contou nas suas crónicas. Os tempos são outros para a serra, menos duros para o povo serrano que, nos anos 60, começou a abandonar as aldeias em busca de vidas melhores. Ficaram poucos agricultores e ainda menos pastores na paisagem granítica da Estrela, marcada por trilhos que se percorrem a pé, envolvidos por uma beleza natural, essa sim, mantida intacta.

Voltemos então ao cenário que Irene Lisboa percorreu e imortalizou nas páginas desta sua obra, para reencontramos a história da escritora que gostava de observar as pequenas coisas do mundo, da pedagoga proibida de dar aulas pelo regime de Salazar, que viu artigos seus serem censurados e recorreu a pseudónimos para assinar alguns dos livros que escreveu, muitos publicados a expensas suas. A caminhada inspirada na literatura começa agora.


https://www.rtp.pt/play/p8322/e552931/nada-sera-como-dante - Link do Vídeo

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